O excesso de peso é fruto de uma compulsão gerada por certos alimentos e estimulada pelo ambiente onde vivemos.
O mundo conspira para engordarmos.
O padrão de alimentação mudou e o sedentarismo avançou. As pessoas passam horas confinadas em ambientes fechados e sofrem cada vez mais com estresse. Isso cria uma demanda por alimentos apetitosos e faz desenvolver uma necessidade de buscar algo que não precisamos de fato para sobreviver.
Assim como o ser humano incorporou o tabaco e o álcool no dia a dia, que são totalmente dispensáveis para o funcionamento do seu corpo, ele passou a recorrer a doces, biscoitos, às massas...Nem sempre quer comer, mas acaba fazendo isso de modo automático e distraído. E há quem enxergue na comida uma forma solitária e prazerosa de fazer um stop na rotina. A grande questão é que essa gente prioriza itens que mexem com a bioquímica cerebral.
Estes itens são feitos de farinha refinada, açúcar e gordura saturada, dos produtos processados e industrializados. Seus ingredientes não têm muito valor nutricional e ainda são capazes de alterar, na massa cinzenta os níveis de neurotransmissores como dopamina e serotonina relacionados a sensação de prazer e bem estar. É por isso que seu consumo gera dependência. Os sistemas cerebrais afetados por eles são os mesmos estimulados por drogas como anfetaminas e até a cocaína. Aliada aos apelos das propagandas e embalagens, a receita desses alimentos instiga exageros e compulsões.
Há estudos mostrando que os indivíduos engordam por causa do ritmo de trabalho, da perda da vaidade ou porque trocam o vício do cigarro pela comida.
Quase sempre há falta de reflexão e autoconhecimento . Assim a ansiedade e o estresse não fazem que você se vicie em um alimento, mas passar a usá-lo para descarregar a tensão.
As pessoas se apegam a ele sem saber o que passa por dentro delas, quase que por distração.
Existe o vício de comer e o vício por comida.
O primeiro é comportamental. O indíviduo não consegue ficar muito tempo sem comer, independentemente do que está a sua frente. Ele tem que se sentir mastigando, botando algo pra dentro. O segundo é algo específico como chocolate. O alimento varia de pessoa pra pessoa de como o corpo responde àquelas sensações. Há ingredientes como o açúcar, que funcionam como drogas e disparam uma sensação de válvula de escape.
A maior dificuldade para lidar com a obesidade é conviver com as frustrações e crê totalmente na sua capacidade de mudar. Não é nada fácil manter o bom humor diante das restrições e aderir 100% a um tratamento. Porém a vida não pode se resumir a uma busca constante pelo emagrecimento. O mais importante é mudar os hábitos e o comportamento.
Fonte: "Teia de aranha alimentar" - Quem come quem? de Máximo Ravenna
